Saturday, July 23, 2005

Tudo que tem um começo tem que ter um fim

Não é novidade pra os três leitores deste blog que o dito cujo encerrou suas atividades. Eu não queria, mas não teve outro jeito. Entretanto, eu estava esperando pela oportunidade certa pra me despedir oficialmente, e acho que a encontrei.

Por que acabou? Bem, primeiro eu preciso dizer por que começou. O blog foi criado pra dar continuidade aos meus textos sobre HQ que eu publiquei no também finado Sete Dias. A minha proposta, desde aquela época, era de convencer meus amigos e/ou leitores do quanto os quadrinhos são legais, mostrar que quadrinho é interessante pra cada tipo de público, dar uma opinião sobre o que penso da HQ como mercado e expressão artística, etc.

Só que, como não bastasse os problemas básicos de quem escreve blog - falta de tempo, inspiração, saco - me vi envolvido nos mesmos problemas que 90% dos leitores de quadrinhos enfrentam: revistas caras e de difícil acesso. Tem bilhões de excelentes quadrinhos mundo afora, mas como vou recomendar alguém ler ou comprar um bom quadrinho europeu se nem eu estou fazendo isso?

O motivo palpável que me fez dar o último suspiro aqui foi o encerramento da série Alias no Brasil. Quem não souber o que é Alias, clique aqui e volte pra cá. Pois bem. Era o único quadrinho atual que eu estava acompanhando e acabou. Aí eu termino de ler e fico com uma vontade louca de comentar com alguém o quanto o arco final foi espetacular, como Brian Bendis é genial, como o drama psicológico de Jessica Jones é algo que fode com a tua alma... mas logo olho ao redor e não tem ninguém, porque só eu, apenas eu, leio Alias nessa cidade.

Sad but true, meu blog fracassou em sua intenção. Os poucos que liam o Excelsior! ou já gostavam de quadrinhos - mas gostavam dos mesmos quadrinhos e não passaram a procurar por outros por minha causa - ou conheciam pouco ou nada de HQ e continuaram conhecendo pouco ou nada. Eu, um caboclo sonhador, posso até abrir e mudar a mentalidade de alguns, mas nada posso fazer contra um mercado que só lança quadrinhos ruins, ou quadrinhos bons porém caros e raros.

Apesar de, tenham fé em Deus tenham fé na vida. Até logo.

P.S.: Pra quem ainda tem esperança (e grana, e paciência): Powers, Rising Stars, Lourenço Mutarelli, Peanuts, Calvin, as HQs-reportagens de Joe Sacco, Plastic Man, a maior parte da Vertigo, Robert Crumb, Manara, Miguelanxo Prado, Neil Gaiman, Concrete, as sagas boas da Marvel/DC (sim, de vez em quando tem umas boas), Fábio Moon e Gabriel Bá, Katsuhiro Otomo, Jack Kirby, Lobo Solitário, Carl Barks, Hugo Pratt, Alan Moore, Grant Morrison, Brian Bendis, Stan Lee, Jim Davis, Frank Miller, Bone, Macanudo... recomendo todos, inclusive pra mim, que não li alguns dessa lista. Segura na mão de Will Eisner e vai.

Tuesday, April 12, 2005

Moto envenenada

Sunday, April 10, 2005

Teias de adamantium

Eu ia colar aqui, mas tem condições não. O Orkut mais uma vez prova ser o Paraíso das Discussões Inúteis no tópico "Aranha X Wolverine", da Comunidade Universo Marvel (aqui). Algumas considerações sobre ele:

- É muito engraçado, e ao mesmo tempo, muito fascinante ver pessoas defendendo uma luta entre duas pessoas que não existem. Que não foram criados pela mesma pessoa, e sim por roteiristas de quadrinhos distintos. Cujas histórias foram escritas ao longo de décadas por mais outros roteiristas com visões bem diferentes.

- Gosto de ver alguns argumentos que, pra quem lê quadrinho de super-herói, realmente têm lá a sua lógica. É mais engraçado ainda ver pessoas usando tais argumentos sempre a favor de seu personagem favorito. No final, todo mundo e ninguém têm a razão.

- É mais engraçado ainda ver as pessoas esticando por tanto tempo uma discussão tão mobral, ainda mais quando os "argumentos" já vão se repetindo depois do ducentésimo comentário.

Mas mudando de assunto, quem vocês acham que ganha, o Aranha ou Wolverine?

Tuesday, April 05, 2005

Os bons e velhos novos... Titãs.

No início era o verbo. Depois os X-Men. E logo depois os Novos Titãs. E assim virei leitor de quadrinhos de super-heróis.

Eu não lembro em detalhes como começou. Eu recebia quase todo mês do meu tio um pacote de revistas em quadrinhos de todos os tipos. Quer dizer, de todos os tipos que se encontra em banca de revista até hoje: Mônica, Disney e super-heróis. Lia todos, sem muito critério. Só que eu lia como um passatempo, sabe como é. A história começa, acaba, você vai lanchar e a revista é encostada num canto, isso se não for pro lixo alguns dias depois.

Mas como todo menino que assistiu ao filme do Superman, comecei a prestar mais atenção nos tais super-heróis. Assistia aos Superamigos e tal. Passava aqueles desenhos engessados da Marvel e tal. Mas até então, tudo ainda era muito fútil. Eu não tinha personagem favorito. Eu criei uma bobagem na minha cabeça de pudim de que o herói mais legal deveria ser o Lanterna Verde* e o Nuclear**, porque os poderes deles permitiam ter o objeto que quisessem. Algo meio Jeannie é um gênio. Tipo, um boneco do He-Man ou um Baton Garoto, puft! Não precisavam pedir dinheiro à mãe para satisfazer qualquer desejo que eles quisessem. Quer dizer, isso era mera desculpa: eu desejava ter o poder deles para alimentar meus mimos de pirraia.

(* Para leigos 1: O anel do Lanterna Verde obedece à força de vontade de seu usuário, permitindo que ele crie qualquer objeto, com o tamanho que quiser, criado com uma energia verde. ** Para leigos 2: O Nuclear tem o poder de alterar as propriedades moleculares de qualquer coisa: tipo, poderia transformar o oxigênio do ar de um determinado local em um motel cinco estrelas. Algo bem prático.)

Enfim, com o tempo, senti que o herói mais legal não era necessariamente o mais poderoso, ou o com poderes mais versáteis. Pra haver uma boa história de heróis, é preciso que estes sejam, acima de tudo, carismáticos. Aprendi a lição com os X-Men e com os Novos Titãs.

Leigo pergunta: "ok, os X-Men é aquele pessoal que tem o Wolverine e que tem desenho e filme e tal. Mas que porra são esses Novos Titãs? Entraram novos músicos no lugar de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Nando Reis, é isso?"

No início era o Robin. O primeiro ajudante de super-herói pentelho, cuja categoria ganhou até nome próprio: sidekick. Depois os editores da DC Comics inventaram de criar mais sidekicks dos heróis clássicos: a Mulher-Maravilha ganhou uma irmã adotiva, a Moça-Maravilha; o sobrinho de Barry Allen (Flash), se tornou o Kid Flash; o Arqueiro Verde ensinou suas flechadas ao um rapaz de codinome Ricardito; e o mini-Aquaman se chamava Aqualad. Essa gangue resolveu brincar de equipe de super-herói: juntos formavam os Teen Titans, que no Brasil foram rebatizados como a Turma Titã. Uma idéia aparentemente bem tabacuda que não iria muito longe, até dois senhores chamados Marv Wolfman e George Perez chegarem para alterar os rumos da história, em meados de 1980.

Como Wolfman detestava esse conceito do sidekick subserviente ao herói adulto e totalmente desprovido de personalidade, ofereceu aos editores da DC uma proposta para remodelar o grupelho. Alguns personagens ficariam, mas com um novo perfil. Outros novos surgiriam. Todos eles teriam em comum um histórico de conflito de gerações entre eles e seus pais e/ou mentores. Seriam, em suma, rebeldes e impetuosos, além de um tanto poderosos. Finalmente uma equipe de adolescentes se comportando como adolescentes de verdade. Eles se tornaram os NEW Teen Titans, que no Brasil ganhou uma das traduções mais cool desde sempre: os Novos Titãs. Era o início de um mito.

Permaneceram na equipe o líder Robin (o primeirão, Dick Grayson, já em uma fase de grito de independência em relação a Batman), Moça-Maravilha (Donna Troy, cujo uniforme vermelho era muito mais foda que o de Diana) e Kid Flash (Wally West, o mais chato da equipe, na minha opinião, mas tinha lá o seu valor). Ambos tinham habilidades similares aos de seus mentores: inteligência e agilidade; superforça, laço e poder de vôo; e supervelocidade, respectivamente. Os novos membros eram Cyborg, um ex-atleta que por causa de um acidente recebeu poderosos implantes metálicos em metade de seu corpo; Ravena, filha de uma humana e um demônio extradimensional, com poderes empáticos (controle sobre as emoções e dores humanas) e de teleporte; Mutano, um obscuro personagem da Patrulha do Destino, remodelado por Wolfman, era capaz de se transformar em qualquer animal; e a mais cool de todas: Estelar, uma maravilhosa princesa alienígena que voa e dispara rajadas energéticas capazes de derrubar prédios.

Já deu pra notar que um dos maiores trunfos dos Novos Titãs era a diversidade. Ponto para a esperteza de Wolfman, que não variou só os poderes, mas suas personalidades. Victor Stone, o Cyborg, era um negão furioso com o pai cientista, responsável pela decisão de salvar a vida do filho mas o condenando a ser meio homem meio máquina para sempre. Garfield Logan (Mutano) era o piadista da equipe, mas suas pilhérias tinham outra função: protegiam Gar da dor de relembrar a morte precoce de seus pais. Kid Flash era um sujeito meio esquisito que tinha um certo desprezo pelo status de super-herói; ele se preocupava mais em terminar a faculdade do que salvar o mundo.

Já as mulheres não ficavam atrás. Ravena era misteriosíssima: serena, falava pouco e não falava muito de si porque tinha medo de se descontrolar e revelar o grande mal que herdou do pai demônio. Koriander, a princesa alienígena Estelar, foi educada como uma guerreira, mas paradoxalmente tinha um grande potencial para amar as pessoas. E Donna Troy, a Moça-Maravilha, era o ponto de equilíbrio: apesar de também ter recebido lições de guerra das amazonas, era talvez a mais ponderada de todo o grupo.

Last but not least, Robin lutava constantemente entre a racionalidade ensinada por Batman e uma urgência furiosa de mostrar seu próprio valor. E justiça seja feita, Dick Grayson provou definitivamente nos Titãs que Robin, o personagem, era muito superior às gracinhas pejorativas que sofreu por parte dos leitores xiitas ao longo dos anos.

Marv Wolfman roteirizou os Novos Titãs por 16 anos, um verdadeiro recorde na DC. Nos seus primeiros anos, o grupo foi um sucesso comercial isto pouquíssimas vezes na casa do Super-Homem. Por terem despontado quase na mesma época, viraram a resposta editorial da DC aos X-Men da Marvel. Mas a comparação procedia: além de serem equipes adolescentes, ambas foram roteirizadas por um longo tempo pela mesma pessoa (no caso dos mutantes, Chris Claremont). E por isso, quando as duas editoras produziram seus primeiros crossovers (personagens de diferentes editoras em uma mesma história), a união X-Men/Novos Titãs foi óbvia. Essa revista, roteirizada por Chris Claremont e desenhada por Walt Simonson, foi um marco da minha infância.

Voltando aos Titãs, as tramas fizeram sucesso junto ao público dos X-Men (meu caso, portanto) por conterem o mesmo nível de ação e conflitos de personagens que Claremont levava a Ciclope & cia. Até mesmo os lances amorosos: se os X-Men tinham o casal Ciclope/Jean Grey, os Titãs tinham Robin/Estelar. Mas os jovens da DC possuíam ainda mais uma imensa vantagem em relação aos rivais: os desenhos espetaculares de George Perez, um dos maiores desenhistas de superequipes de todos os tempos. Quando você ver o enorme cabelo cuidadosamente encaracolado de Estelar ou os mínimos detalhes robóticos dos braços de Cyborg, não esqueça que a culpa é do megadetalhista George Perez. Salve. Foi uma época feliz, que durou mais ou menos uns cinco anos. George Perez saiu, entraram novos membros, Robin virou o Asa Noturna, Kid Flash virou o Flash e a coisa desandou. Mas os primeiros cinco anos foram bárbaros.

O que eu poderia dizer mais das histórias sem descrevê-las? E se, em vez disso, eu parasse logo de enrolar e sugerir a você comprar o Grandes Clássicos DC - Volume 1 - Os Novos Titãs, compilação da Panini das primeiras histórias do grupo? Se você chegou até aqui e ainda não se convenceu, sugiro ir à banca, abrir a revista no texto introdutório de autoria do próprio Marv Wolfman e lê-lo, o qual diz porque os Titãs se tornaram tão populares e porque ele gostou tanto de trabalhar com esses personagens.

São apenas duas páginas, mas o tal texto vale os vinte paus da revista. Eu prometo.

P.S.: Se você assiste ao Cartoon Network e sua única referência dos Titãs é aquele desenho RIDÍCULO que passa atualmente, por favor, peço que apague aquilo da sua memória.

P.S.2: Recentemente a equipe foi reformulada. O atual roteirista, Geoff Johns, está tentando trazer de volta o espírito anos 80 do grupo, e até que está se saindo bem. Não vai conseguir se equiparar aos tempos áureos, mas pelo menos está divertido.

Thursday, March 31, 2005

Ok, ele está moreno, mas ainda é um escroto

Bem, eu assisti Constantine. Saí da sessão fervilhando de opiniões e como ninguém estava por perto pra ouvi-las - e mesmo que estivessem, acho que não teriam saco pra tanto - achei necessário expor aqui pra desafogar meu cérebro de ervilha.

Por bem ou por mal, Constantine entrou na mesma categoria dos dois Batman de Tim Burton: ótimos enquanto filmes, péssimos enquanto adaptações de quadrinhos. Esse tipo de produção tem como vantagem o fato de trazer para o cinema um público que nunca leu ou dificilmente vai ler um gibi do personagem. Essa galera tá se lixando se o cara era loiro ou negão; "aquele" Constantine-Keanu Reeves é o Constantine que ele vai conhecer a partir de agora, e foda-se. E se o filme é bom (entenda "bom" como divertido, instigante, blablabla), foda-se duplamente. E se os produtores conseguiram o lucro esperado, foda-se ao cubo.

Outro grande mérito de um filme assim é a ousadia. Tá certo que o esquema "uma-versão-livre-da-HQ" é mera desculpa de preguiçoso, mas onde está escrito que tem que ser uma versão fiel? Um tanto de liberdade artística não faz mal a ninguém. Eu acho engraçado a milícia nerd se revoltar com coisas como a cor do cabelo - e sim, confesso que caricaturizei propositadamente minha opinião no texto anterior, ora pra tirar onda, ora pra extravasar minha desconfiança.

Eu comparei Constantine aos dois primeiros Batman, não foi? Só que, na minha opinião, se compararmos os virtudes e defeitos dos filmes de Burton, as virtudes pesam um pouquinho mais. No filme do mago, a balança ficou exatamente no meio. Pra cada cena ou sacada fuderosa, havia uma sacanagem na mesma proporção. E assim fiquei, feliz e puto ao mesmo tempo.

John Keanu Constantine Reeves é moreno e tem cara de menino (ponto negativo). Mas tem jeito blasé e abusado (positivo - ok, tem a ver com a inexpressividade de Reeves, mas passa). Ele não tem o sobretudo comprido e amassado (negativo) mas tem um terno preto estiloso e que, vá lá, lembra um pouco o sobretudo (positivo). A história troca Londres por Los Angeles (negativo), o roteiro tem um monte de buraco (negativo) e o texto de John não tem um décimo do cinismo inglês da HQ (negativíssimo). Tipo, para cada fala boa ("bem-vindo ao meu mundo", botando fumaça de cigarro no copo com o inseto) tinha uma fala merda ("o diabo acredita em você"). Pelo menos na maior parte do tempo ele fala pouco ou fica calado (positivo, levando em conta as circunstâncias). Chas é um PIRRAIA (negativo!!!) que é SIDEKICK de John (aaaaargh!). Papa Meia-Noite, até onde eu sei, é um feladaputa que nunca ajudaria John sem nada em troca, como aconteceu no filme (negativo). E aquelas "armas mágicas" e o carinha estilo Q de 007 versão freak e as cenas de ação contra os demônios no prédio (negativo, negativo, negativo...). John suicida? (negativo) e com o dom de "see dead people"?? (n-e-g-a-t-i-v-o).

Notem que grande parte dos negativos surgem a partir da comparação com os quadrinhos. Agora falemos do filme pelo filme: a direção se garantiu (positivo), sobretudo na cena do exorcismo (fuderosa!). A atmosfera do filme é hardcore como deveria ser e tem toda a cara da Vertigo, sobretudo das histórias de Jaime Delano (positivíssimo). Rachel Weisz foi uma coadjuvante muito acima da média, mesmo em comparação aos filmes "não-quadrinhos" (positivo). As cenas de John com aqueles lances com água, banheira e o gato têm uma tensão incrível (positivo). Tilda Swinton também se garantiu como Gabriel (positivo), mas Peter Stormare e Gavin Rossdale foram muito aquém (negativo), o que enfraqueceu o lado malvado do elenco. E apesar de ter usado e alterado muitos elementos sortidos do arco Hábitos Perigosos de Garth Ennis, como o câncer no pulmão e a conversa com Gabriel, o desfecho dessa trama paralela é bem diferente do da HQ e surpresa!, não foi uma solução tão ruim assim! (Os puristas vão discordar, mas opinião é que nem cu e tal). Teve a tiradinha final com as pastilhas (negativo, sem graça) e a cena no fim dos créditos (negativo; desnecessária, idiota).

Teve um fato positivo que chamou tanto a minha atenção que reservei um parágrafo só pra isso. Desde X-Men, ou seja, desde que a moda HQ-cinema retornou com a porra, há cinco anos. Foi a primeira, primeiríssima vez, que uma adaptação de quadrinhos dessa leva me revelou uma boa descoberta musical na trilha sonora: "Take Five", do Dave Brubeck Quartet, canção que é também a trilha sonora deste texto.

O que mais me chateou em todo o filme é que muitas das alterações em relação à HQ foram completamente desnecessárias. Custava Keanu Reeves pintar o cabelo de loiro? Até parecido ele ficava. Custava o filme ser em Londres? Ficava mais caro, é isso? Tirava uma ou outra cena cara de efeito especial e pagava a passagem, ficando só com as cenas com água, que são em conta e mais interessantes. Custava John ser um punk metido a mago em vez de ser um sujeito com um dom de ver os espíritos? Enfim, a que custo deixar muitos fãs da HQ chateados e decepcionados, se boa parte dessas mudanças não fariam diferença pro público leigo?

É isso. Quem aí tá pronto pra ver, achar massa e odiar Sin City?

Sunday, March 20, 2005

Traduções de nomes de personagens

Peguei essa conversa do Orkut, no X-MEN BRASIL. É um tema sempre polêmico e que desta vez rendeu umas informações hilárias, e algumas eu mesmo desconhecia.

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qual é a tradução mais TOSCA ?

Cristiano 03/10/2005 06:59

qual personagem do universo mutante teve seu nome traduzido da pior maneira?

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Leonardo 03/10/2005 07:07

A tradução do primeiro codinome da Kitty Pryde ("Sprite"), antes dela tornar-se a Lince Negra, ficou no Brasil como "Ninfa". Eu não sei o que "Sprite" significa, mas "Ninfa" parece coisa de filme pornô!

Alguém aí pode me esclarecer o que é "Sprite"?

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Rafael 03/10/2005 07:17
Poh...

Sprite é Ninfa mesmo, a tradução está corretissima !!!

Ninfa são fadas sedutoras em algumas mitologias, em outras somente fadas !!!

Custa nada vc pegar um dicionário Português/Inglês antes de reclamar das traduções !!!

Certos personagens ficariam estranho mesmo em nosso idioma como por exemplo:

Gambit - Gambito
Daredevil ( Demolidor ) - Audacioso ( lembram do filme "O Retorno do Incrivel Hulk"? )
Hulk - Fúria
Wolverine - Carcaju
Quick Silver ( Mércurio )- Prata Ligeira
Nightcrawler ( Noturno ) - Rastejador da Noite

E muitos outros...

Cabe ao Tradutor ter o bom senso na hora de traduzir...

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Leonardo 03/10/2005 07:29

Valeu por esclarecer a dúvida da tradução, Rafael. Mas ainda assim acho meio estranho, mesmo que já soubesse o que quer dizer "Ninfa".

Eu não estava reclamando à toa, apenas o nome soa estranho aos ouvidos, isso porque a maioria das pessoas (e eu já ouvi outros fãs de X-Men me dizerem a mesma coisa) confunde "Ninfa" com "ninfeta", que não tem nada a ver. É por essas e outras que não gosto muito desse nome, mesmo sendo a tradução correta.

Tem nomes que, em português, ficam mesmo muito estranhos, mesmo que a tradução esteja certa, como os exemplos que você citou. Basta lembrar que na Marvel também tem aquele vilão chamado "Homem Absorvente" pra entender do que eu estou falando...

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Daniel 03/10/2005 07:54
Rafael

Só uma correção: quicksilver, em inglês, é o metal mercúrio (aquele que é líquido à temperatura ambiente). Então a tradução é essa mesmo. O Mercúrio tirou o nome do metal e não do deus romano que tinha asas nos pés e era o mensageiro dos deuses (Hermes para os gregos). Como a nossa língua usa o mesmo nome pros dois, daí vem a confusão.

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Panthro 03/10/2005 08:14

Acho que o pior foi Shanna, que náo adaptaram. Se sair um filme dela vai ser engraçado: "E aí, já viu o filme da Shanna?".

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Wagner 03/10/2005 08:38

Não que seja estranho, mas Rogue = Vampira, pq naum deixaram rogue mesmo?

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Ryoshi 03/10/2005 12:08

Gambit é o nome de uma manobra no xadrez.
Quando você sacrifica uma peça pra ficar em vantagem sobre o oponente.

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Avalanche 03/10/2005 12:26

Rogue- Ladrão pé rapado

a propria Lince negra depois de ser batizada pelo Xavier de Ninfa fala que não é pra chamar ela de Ninfeta(no ingles ele pede pra não ser chamada de tabua)

mas a pior tradução foi a do demolidor só pra aproveitar o DD do uniforme

devia ter ficado Diabo Destemido,mas parece que ia ter gente reclamando.

"mamãe me compra a histórinha do Diabo destemivel?"

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Rafael 03/10/2005 17:47
Acrescentando...

Rogue significa Velhaco ou Maroto...

Pior era na epoca da Ebal...

Gotham City - Riacho Doce
Peter Parker - Pedro Prado
Clark Ketn - Edu Kent
Lois Lane - Mirriam Lane
Mulher Maravilha - Super Mulher

Reclamem agora, os leitores das antigas que sofriam ao ler isso...

Nem vou falar dos nomes em Espanhol dos X-Men...

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Cristiano 03/11/2005 04:17
serio isso cara????

ahahahahahHAhaAHhaHAah

nem vem, figura, agora vai ter que contar !

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Gus 03/11/2005 04:43
Mariposa, Pícara...

o Pior em espanhol e que axo é a da Mariposa, ou como conhecemos, Psylocke.

Vampira é Pícara Sonhadora, ops esse é um nome de novela mexicana do sbostê...
Mas Rouge (Vampira) em espanhol traduziram como Pícara msm

Tem outros tb:
Rondador Nocturno (Noturno)
Gata Sombra (Lince Negra)
Tormenta (Tempestade)
Lobezno (Wolverine)
Oruga (larval)
Bala de Cañón (Míssil)
Vânia (Escalpo)
Estrella Rota (Shatterstar)
Feroz (Feral)
Pajaro de Muerte (Deathbird - Rapina)
Bestia (Fera)
Reponso (Lamúria)
e por aí vai...

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Cristiano 03/11/2005 04:50
lobezno??????

ahahaHAHAaHAhAhAhahAHAhAHA...

a gente dá um desconto pq é outra lingua coisa e tal, mas... bah é tri engraçado.

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Rafael 03/11/2005 07:49
Pois é...

E o melhor X-Men são Pratulla-X !!!

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Avalanche 03/11/2005 08:00

Rafael a tradução direta de rogue é maroto,mas rogue é usado para falar de ladrões que atacam em beira de estrada e no mato ou que vivem de pequenos furtos (como um batedor de carteiras)

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Anonymous 03/11/2005 08:08
Rogue States

Os EUA usam a expressão "Rogue States" pra se referirem a países como Iraque, Líbia, Cuba e Coréia do Norte... O também chamado "Eixo do Mal".

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Carletti, 03/11/2005 10:13
Hmm... Vânia (Escalpo) foi o pior.

Mas eu achava que Wolverine era Guepardo. Eu lembro que a Fox Kids passava uma chamada para o cartoon em espanhol:

Cíclope!
Guepardo!
Titânia!
Tormenta!
Béstia!
Gâmbito!
Júbilo!
Jean Grey
y el Profesor Équis!

¿Quien podría imaginar que los mutantes podrían ser tan heroicos?
X-Men: de Lunes a Viernes, en Canal Fox.

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Rafael 03/11/2005 10:25
Pois é...

Pior no desenho do Homem-Aranha que o Demolidor era Atrevido e o Justiceiro se chamava Carrasco...

Os X-Men quando apareceram no desenho do Homem-Aranha tb tinham nomes toscos...

Pior no Super Amigos que o Flash era Relampago, Lanterna Verde era Relampago Verde, Arraia Negra era Gafanhoto ( ??? ) e o Nuclear era Tempestade...

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Leonardo 03/12/2005 07:02
É mesmo, eu lembro que no desenho do Aranha, na primeira dublagem que fizeram do episódio com os X-Men, o Wolverine virou Lobão! Mas quando esse episódio passou na Globo, as vozes eram as mesmas, mas já tinham corrigido a dublagem pra Wolverine.

E também no episódio do Aranha com o Demolidor, o herói cego era chamado de Atrevido, na Fox Kids, mas foi pra Globo com o nome certo.

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Camilo 03/18/2005 13:49
Demorei...

Já falaram que no desenho do Aranha o Logan é Lobão (arght), que o Nuclear se chama Firestorm (o que perdoa o "Tempestade" do desenho), mas falaram que o Fera já foi chamado de a Besta??? Essa doeu...
Mas eu devo dizer que a lembrança do Rafael foi a que mais me deprimiu... eu lembro da Miriam Lane (na Crise, por sinal, o Velho SUper Homem da Terra Paralela ainda chama a coitada assim)...
E Riacho Doce para Gotham City não tem explicação!!!! Ou, por outra, tem: Ironia pura!!!

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Cristiano 03/15/2005 04:44
nao eh mutante, mas ainda vale

o speedy virou o ricardito (!!!) no brasil. explicação? nao faço minima ideia.

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Pedro 03/19/2005 12:05
juggernaut?

E o fanático? poderia ser JAMANTA, pelo menos tinha o J em comum.

Sunday, March 06, 2005

Ele não usa pistola em forma de cruz

Esse NÃO É John Constantine.



É esse aqui.



Na primeira metade da década de 80, o britânico Alan Moore começava a chamar a atenção da crítica e público quando roteirizava a revista do Monstro do Pântano, um personagem de segunda categoria da DC Comics que, nas mãos de Moore, virou um sucesso de vendas. Surgido como um coadjuvante do Monstro do Pântano, o mago John Constantine (com visual inspirado em Sting) foi aos poucos revelando potencial para uma "carreira solo". Anos depois, ganhou sua própria revista, com o título Hellblazer e lançada pelo linha de HQs adultas da DC, a Vertigo. O universo e origem de John cresceram ainda mais com os roteiristas que vieram depois, como Jaime Delano e Garth Ennis.

Nascido em Liverpool, John (Constantine, não o Lennon) é descendente de uma família que lida com magia há várias gerações. Entretanto, foi apenas na adolescência que ele descobriu sua "vocação". Na época, John ouvia punk rock - teve uma banda chamada Membrana Mucosa (!) - e se unia a outros junkies para, além do sexo e drogas, tentar umas incursões em magia negra.

Numa visita a Newcastle, John e seus amigos foram a uma casa abandonada tentar invocar entidades e coisas do tipo. Encontraram uns cadáveres e uma menina assustada que estava fugindo do demônio que matou aquelas pessoas. Por ser jovem, John era impetuoso e inconseqüente. Quis dar uma de herói e realizou um ritual para entrentar o monstro, que desafiou Constantine dentro do inferno. Pra encurtar a história, deu tudo errado e muita gente morreu de graça.

O fato teve grande repercussão na vida do futuro mago. Quem não morreu aquela noite, morreu depois ou enlouqueceu, inclusive o próprio John. Passou dois anos no manicômio. Achando pouco, John Constantine não só continuou suas aventuras pelo sobrenatural como deixou pra trás uma coleção de inimigos, tanto na Terra quando no Céu e no inferno. Além do conhecimento sobre magia, suas principais armas são a sua arrogância, um cinismo tipicamente britânico e porralouquice desenfreada.

Outra marca registrada é o seu vício pelo cigarro, que lhe rendeu outra lenda: ao adquirir um câncer terminal no pulmão, ficou à beira da morte e bastante preocupado com o que o diabo iria aprontar com a alma dele. Poucos dias antes de sua morte, John salvou a alma de outro amigo ao trapacear com o tinhoso, que obviamente ficou cego de raiva e louco por vingança. Não vou falar como John se salvou, para não estragar a surpresa de quem um dia ler essa história - que por sinal, será abordada no filme. Só posso dizer que o final é, no mínimo, uma das coisas mais sensacionais que já li em matéria de quadrinhos. E duvido muito que o filme honre o original.

Ele saca muito de magia, mas não é nenhum Harry Potter. Na verdade, ele vive afirmando que não tem poderes nem nada do tipo. "Eu não sou sensitivo, sou esperto paca. Só isso" e "Magia é assim: só funciona quando você acredita nela" são alguns de seus bordões. Quem acompanha a vida dele sabe: ele usa muito mais o cérebro pra vencer do que o hocus-pocus.

John Constantine já deu dedada para o Inferno, mandou o arcanjo Gabriel tomar no cu, escapou de ser estuprado por um padre, rejeitou proposta de se tornar imortal e ainda arranja tempo para sacanear seus próprios amigos, seja de propósito ou sem querer. Constantine é, em suma, um grande filho da puta fadado a viver na roubada. Um dos maiores e mais carismáticos filhos da puta da história da arte seqüencial. E se você ver o filme com Keanu Reeves, de cabelo preto, morando em Los Angeles e usando uma arma maluca em forma de cruz, não se esqueça de que aquele lá não é John Constantine. Se o filme for só um pouco bom, o que eu acho difícil, já é lucro.

Mais sobre ele aqui: Hellblazer Brasil.
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