Viva La Resistance!
Quino deveria ser o homem responsável pelo desenvolvimento do Mercosul. Além de ter a consciência política necessária para perceber que a união da América do Sul ainda é uma piada (fato que pode lhe render muitas charges), ele é o único argentino que eu conheço que é unanimidade. Maradona? Pff... Astor Piazzola? É, vá lá...
Tive a oportunidade de ler dois dos álbuns de charges lançados recentemente no Brasil pela editora Martins Fontes. Bem, Obrigado. E Você? trata mais das pequenas e grandes idiossincracias do ser humano, ao passo que Quanta Bondade! analisa os conceitos distorcidos da sociedade, no que se refere a praticar o "bem".
Na verdade, os dois álbuns são bem parecidos. Se você os ler seguidos um do outro, como eu fiz, vai entender isso na prática. Neles, Quino mostra com quantos nanquins se faz um chargista. Cada página é um tapa na cara daqueles bem dados. Cada risada que você dá é como um arame farpado arranhando um pedaço do teu cérebro. A especialidade do cara é mostrar, através de metáforas práticas rigidamente selecionadas, como e porque a humanidade é tão estúpida.
Exemplo 1: uma cerimônia solene já começou com o tapete vermelho estendido, mas ao mesmo tempo, na outra extremidade, um sujeito vai terminando de costurar o tal tapete. Exemplo 2: um cara acorda ao lado da esposa na madrugada, querendo engatar uma discussão ed relacionamento. No final, ele pergunta algo como "E aí, Isaura, o que você acha?" e ela o soca, furiosa: "INÊS!!" Em diversos momentos, me lembrou MUITO o humor de Henfil.
Outras características marcantes dos álbuns são o domínio de linguagem e a versatilidade do autor. Aqui ele prova definitivamente que não é apenas o "cara que fazia a Mafalda" (como se isso fosse pouca coisa - e não é!). De um modo geral, as charges de Quino são bem satíricas, mas algumas delas são meio direcionadas à realidade argentina, enquanto outras possuem caráter mais universal. Mas tem certos casos que são pura poesia, como a do trator que flutua no céu e um fazendeiro embaixo responde: "ô rapaz, pára de ficar sonhando!" ou coisa do tipo.
Essas coletâneas de Quino são feitas sob medida para reler algumas e algumas vezes. Sempre dá pra captar algum detalhe que passou despercebido ou reforçar na memória o sentido daquela mensagem. Fazer um humor gráfico tão refinado assim não é pra qualquer um. Mas felizmente, Quino não é qualquer um.
Tive a oportunidade de ler dois dos álbuns de charges lançados recentemente no Brasil pela editora Martins Fontes. Bem, Obrigado. E Você? trata mais das pequenas e grandes idiossincracias do ser humano, ao passo que Quanta Bondade! analisa os conceitos distorcidos da sociedade, no que se refere a praticar o "bem".
Na verdade, os dois álbuns são bem parecidos. Se você os ler seguidos um do outro, como eu fiz, vai entender isso na prática. Neles, Quino mostra com quantos nanquins se faz um chargista. Cada página é um tapa na cara daqueles bem dados. Cada risada que você dá é como um arame farpado arranhando um pedaço do teu cérebro. A especialidade do cara é mostrar, através de metáforas práticas rigidamente selecionadas, como e porque a humanidade é tão estúpida.
Exemplo 1: uma cerimônia solene já começou com o tapete vermelho estendido, mas ao mesmo tempo, na outra extremidade, um sujeito vai terminando de costurar o tal tapete. Exemplo 2: um cara acorda ao lado da esposa na madrugada, querendo engatar uma discussão ed relacionamento. No final, ele pergunta algo como "E aí, Isaura, o que você acha?" e ela o soca, furiosa: "INÊS!!" Em diversos momentos, me lembrou MUITO o humor de Henfil.
Outras características marcantes dos álbuns são o domínio de linguagem e a versatilidade do autor. Aqui ele prova definitivamente que não é apenas o "cara que fazia a Mafalda" (como se isso fosse pouca coisa - e não é!). De um modo geral, as charges de Quino são bem satíricas, mas algumas delas são meio direcionadas à realidade argentina, enquanto outras possuem caráter mais universal. Mas tem certos casos que são pura poesia, como a do trator que flutua no céu e um fazendeiro embaixo responde: "ô rapaz, pára de ficar sonhando!" ou coisa do tipo.
Essas coletâneas de Quino são feitas sob medida para reler algumas e algumas vezes. Sempre dá pra captar algum detalhe que passou despercebido ou reforçar na memória o sentido daquela mensagem. Fazer um humor gráfico tão refinado assim não é pra qualquer um. Mas felizmente, Quino não é qualquer um.